No osso ou no aço de mim apenas
um simples traço
Traços e traças não se diferem,
ambos interferem.
Algo empalado dentro do meu ser
que não me deixa ser,
Permita-me falar do ‘’nada’’ : o
nada é tanta coisa
Que nunca saberei traduzir nem
resumir sua complexidade
De verdade...triste vaidade que
cabe no bolso, coroe o osso.
Ter um jeito peculiar, saber
avaliar mas nunca voar,
Ter todo o dinheiro do mundo e
nunca se ter,
Nunca se conter por conta própria.
O ego envolve tudo, menos glória
O ego não tem ação, é só uma
sensação
Mas de verdade, prefiro ficção.
Prefiro ser extensão de uma máquina,
correr a mil
Mas nunca ter pressa, sem essa de
abdicar
Sem essa de ficar, raízes apodrecem.
Somos como uma planície que tem
altos e baixos
Mas nunca longe do ponto mais
alto, nunca sempre.
Estamos sempre em busca das
respostas que não nos levam
Mas que não nos deixam exercitar
o ‘’nada’’
O nada são tantas possibilidades
que ainda não posso alimentar-se disso
Por hora não, estou repleto de
osso, aço, água e fluídos
Na cabeça apenas ruídos, gritos e
gemidos
E tudo isso me impossibilita de existir.
Uma pausa para o silêncio de um
deus
Um instante para os meus e os
seus
É hora de desocupar o saloom,
tirar de rota
Todos que compõe essa multidão
deliberada
Que não sabem, nem suportam saber o
que significa o ser e o estar.
Primeiro preciso ver o brilho de
um acorde
Depois preciso ouvir o discurso sábio
do silêncio.