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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

ZONA DE GUERRA.

 No começo tomei um porre e fiz poesias, cantarolei, andei sozinho contando os passos e medindo o talento que tinha de abrir meu coração. Os dias foram turvos e frios, sem luz, nem vozes de estímulo. Ancorado no meio do meu vômito, percebi que em todas as veias do meu corpo ainda pulsavam sangue, era hora de corrigir o raciocínio. Sempre existe uma saída para declínios platônicos, mas de olhos vendados foi difícil de reparar. O que sempre me ocorria era que por conta das fibras emocionais emaranhadas dentro de mim, eu encontrei outro nível de percepção de quem eu era. Mas isso não justificaria o fim, nunca. Coisas desse tipo funcionam como um jogo, normalmente ganho, mas já perdi e me refiz parte por parte até que a frieza me tomasse. Funciona como um estudo psicológico onde sou aluno e professor, sou o Deus e o ingênuo ser humano. Todas as armas do jogo são dadas por mim e o território é neutro, nada de  escudos ou mecanismos de defesa, o risco é calculado por um calculista de emoções. O objetivo é quebrar corações em pedaços incontáveis, inclusive o meu próprio, até que o mergulho aconteça numa odisseia para o amor próprio. Quando o jogo entra em ondas de rádio e toca algo do tipo: ROXXANE (THE POLICE), me vejo cego, como quem assiste a si próprio. É nessa hora que meu sistema falha e coisas do coração acontecem, o que era invisível a terceiros passa a ser perceptível para qualquer um que esteja avulso. A falha no sistema é quase uma certeza, mas não tento evitar, daí o jogo passa a ser escrito automaticamente pelo destino (foda). O melhor disso é que depois de algum tempo os rascunhos voltam a ser escritos por mim como se fossem doses homeopáticas de aprendizagem, ou seja entro nessa para me entender melhor e provocar a melhor das sensações.


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